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segunda-feira, 14 de abril de 2014

A 8ª Marcha: avaliação e desdobramentos

Marcos Verlaine*
 
Depois de a realização da 8ª Marcha da Classe Trabalhadora por mais direitos e qualidade de vida, em São Paulo, na última quarta-feira (9), o assunto deste artigo não poderia ser outro.
 
Isto porque precisamos avaliar o evento, como parte importante na formação política dos dirigentes em todos os níveis e ainda porque há desdobramentos e consequências relevantes que precisam ser levadas a cabo. E também porque, em outubro próximo, temos eleições e precisamos estar posicionados para a batalha. Do contrário, terá sido só mais um evento.
 
Para avaliá-la, tomo emprestada a avaliação – com a qual concordo em gênero, número e grau – do companheiro João Franzin, da Agência Sindical, publicada na página do Diap:
 
“A ‘Pauta Trabalhista’ possui forte caráter reivindicatório: 40 horas semanais, fim do fator previdenciário, combate às terceirizações, adoção da Convenção 158 da OIT etc. Porém, é mais. A Pauta é sindicalismo que adota posição e mostra, ao governo, ao Congresso e à sociedade, intenção de desempenhar um papel decisivo na vida da Nação”, argumenta.
 
Essa agenda, se efetivada fosse pelo governo, daria ao País e ao povo, sobretudo à classe trabalhadora, nível de vida infinitamente melhor, pois se trata de políticas públicas relevantes para redistribuição de renda no País.
 
E pelo fato de serem demandas públicas há disputa em torno delas. Como sua adoção implica custos para alguns e benefícios para outros, os beneficiados as apoiam, no caso, o movimento sindical e os trabalhadores, enquanto os prejudicados resistem (o capital e o Estado). Este é o jogo. Por isso, temos de estar preparados para jogá-lo.
 
“A 8ª Marcha (...) reuniu quantidade, qualidade e variedade, com as categorias mais organizadas mostrando seu peso. Quem acompanhou os preparativos do evento e depois marchou da Sé ao Masp pôde testemunhar o real clima de unidade entre o comando sindical e uma efetiva expectativa de que os trabalhadores sejam ouvidos e respeitados em suas reivindicações”, completa Franzin.
 
Estes dois elementos, a pauta e a unidade das centrais, traçam os eixos estruturantes do debate sindical em curso. Isto é, temos pauta, agenda e unidade para levá-la a cabo. Debater nos sindicatos, nas diretorias para dar-lhe consequência e efetivá-la é a tarefa das bases da classe trabalhadora.
 
Desdobramentos
Ao mesmo tempo em que se avalia positivamente o ato, que reuniu centenas de milhares de trabalhadores – dirigentes sindicais de todo o Brasil – é preciso tirar consequências desse evento importante para torná-lo relevante.
 
Para isso, recorro ao artigo do consultor sindical João Guilherme, também publicado na página do Diap. Nele, João Guilherme chama a atenção para o fato de que é preciso manter a união, organização e mobilização, pois a luta sindical em torno dessas demandas continua. Assim, não pode haver dispersão.
 
“E isto por três razões principais: o peso positivo da unidade de ação, o fato de que não conquistamos ainda a pauta e nem parte dela e as necessidades correntes da ação sindical, como as campanhas salariais”, interpreta corretamente João Guilherme.
 
Ao final do texto, João propõe que o movimento sindical se concentre “na defesa da política de valorização do salário mínimo, desenvolvendo o mais amplo esforço de divulgação, busca de apoio e fortalecimento desta política que devemos considerar como essencial”.
 
Faço coro com ele e ainda acrescento que há outra frente que precisamos que haja concentração: a eleitoral.
 
Sim, pois, a agenda explorada na marcha é discutida em duas instâncias: no governo e no Congresso.
 
Eleições de outubro na ordem do dia
Então precisamos ter em mente que está na ordem do dia também as eleições de outubro e para não ser repetitivo, mas sendo, recorro ao artigo que escrevi – O que vamos fazer neste ano eleitoral?– de modo a organizar nosso raciocínio político para a ação eleitoral em curso.
 
A propósito, a manutenção da política do salário mínimo será discutida no governo e pelo Congresso. Sua manutenção dependerá do papel e força dos atores que a defendem e que a atacam veladamente, pois esses não têm coragem de negá-la publicamente tal a força que adquiriu ao longo de sua transformação em política de Estado, com a sanção da Lei 12.382, em 25 de fevereiro de 2011.
 
Segundo o Dieese, o reajuste para R$ 724 – desde janeiro deste ano – beneficia 48,2 milhões de pessoas. O incremento na economia será de R$ 28,4 bi; R$ 13,9 bi correspondem ao incremento na arrecadação tributária.
 
Pela pertinência, convido-os a ler e reler os três artigos, pois sua leitura atenta, com certeza, poderá ajudar na ação político-sindical.
 
(*) Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap e da Conatec